Uso de álcool e psicoativos é tema de seminário do Sest/Senat

O Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat) promoveu, na tarde de ontem, o 1º Seminário de Prevenção ao Álcool e outras substâncias psicoativas, que foi direcionado para trabalhadores ligados ao setor de transportes e reuniu cerca de 60 pessoas.

sestO objetivo foi discutir o uso de drogas e álcool nas estradas, integrando a programação anual do Sest/Senat. “O seminário foi pensando dentro da nossa campanha que é de prevenção a acidentes e roubos de cargas nas estradas, e ligado a isso, falamos da prevenção do uso de álcool e drogas e do impacto que isso tem, principalmente, nas pessoas que trabalham na área do transporte, como motoristas e até gestores”, explica a técnica de promoção social do programa, Carina Campanelli.

O tema foi explorado por profissionais como a médica Bárbara Zen, e a enfermeira Franciele Schmitz, do Caps AD, que abordaram o impacto do álcool e drogas no organismo. “O alcoolismo é um dos problemas de saúde que mais causa impacto na sociedade, já que o consumo de álcool ocorre em 70% da população e 12% dos adultos são dependentes alcoólicos. Então, muitas vezes, não temos noção de como a bebida está ligada as doenças porque é uma coisa muito presente no nosso dia a dia e não é visto como algo não saudável”, apontou Bárbara. Entre as doenças geradas pelo uso prolongado do álcool está a doença de Alzheimer, doença de Parkinson, úlcera, cálculos renais e biliares, diabetes, gastrite e outras.

Já a psicóloga Michele Engers Taube, especialista em saúde ocupacional, apontou os transtornos mentais comuns nos caminhoneiros do país: depressão, ansiedade, insônia, fadiga, perda de apetite e outros. “No Brasil são mais de 2 milhões de caminhoneiros e as jornadas extensas de trabalho, horários irregulares, hábitos de alimentação não saudáveis, uso de álcool e drogas, tudo isso influi nos ‘expressores’ ocupacionais, porque o caminhoneiro tem um cenário que predispõe os transtornos pelas condições ruins de trabalho”, explica Michele.

Além das palestrantes, estiveram presentes no encontro o promotor de Justiça, Neidemar José Fachinetto, representando o programa Vida + Viva sem álcool; o presidente do grupo Charrua, apoiador do evento, Elvídio Eckert, e o empresário Valmor Scapini.

Mudanças com a Lei dos Caminhoneiros
Além de abordar os temas como alcoolismo e drogas, o seminário trouxe explicações sobre as mudanças para as empresas de transportes e motoristas, principalmente, abordando os exames toxicológicos, definidos como obrigatórios após a criação da Lei 13.103/15, a “Lei dos Caminhoneiros”.

A lei obriga a que exerce a função de motorista a fazer exames toxicológicos periódicos a cada dois anos e seis meses de trabalho. Alexandre Rücker, que faz a coleta de materiais para os exames em um laboratório, explicou durante o seminário como é o funcionamento da coleta. “O exame pode ser feito de duas formas, com a coleta de cabelo ou de pelos corporais. No cabelo, cada centímetro corresponde a 30 dias que checamos o uso de psicoativos e, no pelo corporal, essa cobertura aumenta para seis meses”, conta Rücker. Para quem não possui cabelos ou pelos corporais, Rücker afirma que o procedimento é feito com a raspagem das unhas.

Além da obrigatoriedade de exames, a lei explicitou os horários de descanso, onde a cada período de 5h30min na condução do veículo é obrigatório um período para repouso e alimentação de 30 minutos, e a cada período de 24h deve ser observado um repouso de 11h para descanso.

Em um estudo apresentado por Michele, que foi realizado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), 88% dos motoristas não cumprem o tempo de descanso. “A lei veio para regular a profissão e dar uma melhor condição de vida e trabalho para esses profissionais, porém no cenário atual e com diversos estudos, percebemos que não tivemos mudanças tão significativas assim” relata a psicóloga.