Para diretor da Kajera, frete grátis é caminho sem volta no e-commerce

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E-commerceBrasil – Com 18 anos de experiência de trabalho, Fábio Ikemori tem profundo conhecimento sobre logística, atuando em vários segmentos como Provedores de Serviços Logísticos (Penske, FM Logistic, Bcube, syncreon), Automotivo (Toyota, Kia, Porsche), tecnologia (HP, Canon, Ricoh, Oracle/Sun Micro), telecomunicações (Embratel, Claro, Nextel), bens de consumo (Luxottica, Oakley, Swatch), cosméticos (Natura, Puig), varejo (Walmart, Casa & Video, Telhanorte) e outros. Responsável por implementar sistemas WMS e LMS e gerenciar estoques, Fábio Ikemori é Diretor da Kajera, parceiro regional da Manhattan Associates no Brasil.

Confira a entrevista:

 

E-Commerce Brasil: uma pesquisa recente da Manhattan mostrou que mais de 74% dos compradores brasileiros abortaram uma compra online devido a altas taxas de entrega. Do ponto de vista do varejista o que torna essa “conta-frete” tão cara numa operação de e-commerce?

Fábio: O frete no Brasil tem um custo elevado em virtude da infraestrutura logística deficitária, a alta carga de impostos, a segurança, geografia abrangente e distribuição demográfica desigual. Mas no e-commerce a grande questão é que os consumidores foram acostumados a comprarem on-line com frete grátis. O frete grátis foi um artificio utilizado pelos varejistas para popularizarem este canal de venda, mas na realidade nunca existiu. O que ocorreu é que os varejistas subsidiavam o frete e agora que necessitam repassá-lo, os consumidores não aceitam.

E-Commerce Brasil: O tempo de entrega também é outro grande problema que atrapalha a experiência do consumidor final. Como é possível entregar num prazo mais curto considerando que a infraestrutura logística no Brasil não acompanha a evolução das vendas no e-commerce?

Fábio: Primeiramente temos que entender que o que está por trás de um prazo de entrega alongado. Como os consumidores estão avessos a absorver o frete, os varejistas atuam de duas formas para minimizar o seu impacto: primeiro, criam políticas internas para subsídio de frete; e, em segundo lugar, apertam cada vez mais as transportadoras com relação aos valores de frete, obrigando-as a diminuírem sua frota, otimizarem suas viagens e reduzirem sua estrutura e a consequência disso é um baixo nível de serviços – mercadorias que se perdem, prazo de entrega que não se cumprem ou muito longos etc.

Existem algumas formas de melhorarmos o prazo de entrega, utilizando de forma mais efetiva os estoques de lojas físicas (já que grande parte dos varejistas de e-commerce também possuem lojas físicas). Exemplo: coleta da mercadoria na loja (click & collect), embarque de uma mercadoria da loja em vez de um armazém afastado. Ou utilizar novos formatos de entrega como entrega de mercadoria em lockers ou em bancas de jornais, etc.

E-Commerce Brasil: De modo geral, estamos vendo uma diminuição considerável de oferta de frete grátis entre os varejistas de e-commerce. Na sua opinião, quais poderiam ser as causas desse movimento?

Fábio: Este é um caminho sem volta: o frete grátis sempre existiu e os varejistas não vão conseguir subsidiar este custo dentro do seu negócio. O que deve ser feito é a busca de alternativas para minimizar o impacto do valor de frete no negócio.

Preço dos combustíveis influencia no custo
Preço dos combustíveis influencia no custo

E-Commerce Brasil: Quais são as vantagens (em termos de custo e de experiência do cliente) de oferecer opções como o click and collect ou a compra na loja virtual e a troca na loja física para o lojista?

Fábio: Esta é a tendência: rever o modelo de negócio atual utilizando os diferentes canais de venda de forma sinérgica. É o que chamamos de Ominichannel ou Omni canalidade. Poder vender o estoque de loja no e-commerce, coletar um produto comprado on-line na loja, trocar um pedido na loja, realizar vendas on-line na própria loja ou seja fornecer uma experiência diferenciada ao consumidor.

E-Commerce Brasil: Os roubos de carga e as questões de segurança no transporte de carga brasileiro ainda tiram o sono de muitos varejistas. Existe alguma mobilização dos players do setor logístico que vocês tenham conhecimento para reivindicar junto ao governo melhorias nas condições de transporte e entrega no Brasil?

Fábio: Este é um grande problema, que afeta diretamente o custo de transporte no Brasil. Existem várias ações, mas nada efetivo. O que os varejistas devem buscar é a racionalização da circulação das mercadorias aplicando novos conceitos como os apresentados acima.

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